Eu queria escrever sobre aquela tarde de sábado, queria muito. Me lembro do momento acontecendo e eu pensando: preciso escrever sobre isso, preciso gravar o que senti enquanto nós dois juntos, de dentro da piscina olhávamos pro céu da tarde que chegava mansinho, e o sino da igreja que badalou suavemente, de hora em hora, o dia todo (um som daqueles que ficam pra sempre na mente).
O jeito que sua pele pareceu macia, e o seu abraço seguro.
Aquele quarto quente e escuro, onde permanecemos calados só olhando um para o outro. A luz fraca amarelada, que deixou tudo de certa forma mais poético. As nossas possibilidades de um futuro bom e o meu medo - como sempre - borrando tudo. E você me chamando pra ficar mais perto, deitar no seu ombro.
Todo o silêncio dos nossos pensamentos. Até que você se ajoelha, como se o momento fosse agora parte de um romance, daqueles que eu sempre assisto, me pede em namoro e eu te beijo sorrindo em forma de sim.
Mas quando eu penso nisso tudo, eu me esqueço, me esqueço das palavras exatas, qualquer uma serve, nenhuma também serviria, a imagem que importa não vai se apagar tão cedo da minha memória.
Bobagem? Talvez. Mas eu não me importaria em ficar sempre assim, deitada no seu abraço.
Beatriz Oliveira.