23 novembro, 2010

Meu Eu.

 Que prazer tenho quando chega aquela hora do dia, quando não tenho que ser mais nada, quando não tenho que ser de ninguém. Sou só de mim mesma, sem personagem algum. Geralmente até ai já passamos da meia noite. Até ai o cansaço se foi, e a cabeça começa a borbulhar seus pensamentos incessantes, suas ideias nada brilhantes, seu desejo de voltar a ser só matéria viva, sem ler os muitos detalhes minuciosamente escritos no tal roteiro.

 Eu sempre imaginei que quando a gente vive demais, acaba criando um roteiro pra própria vida. Talvez pelo simples fato de querer imortalizar-se. Mas quando se cria um roteiro o eu da gente, tadinho, ele dorme de desgosto porque não pode ser sem culpa. Quando a gente descobre tudo isso, sente um remorso tão grande. Dói demais descobrir que esqueceu do próprio eu...

 Mas pra isso tem solução! É preciso apenas acorda-lo. Com um pouco de calma e concentração, a gente senta e acorda o nosso eu, com um carinho bem bom, ou um cafuné. Encosta ao lado e conversa com ele, recorda das intimidades da infância, de brincar na banheira a tardezinha, de casar as bonecas e desenhar o sol quadrado, andar de bicicleta e deitar nas calçadas da rua jogando papo fora com as outras crianças.

 Eu tenho encontrado o meu eu nas madrugadas, quando o dia chega no fim e a fantasia de gente grande com a mascara das preocupações são trocadas pelo pijama. E tem sido bom, acho até que previne as rugas viu?
Peço a Deus que ajude a me livrar dessas fantasias e máscaras de gente séria e idosa - por dentro, e as vezes por fora também - que com o tempo vão querer se acumular em mim.

 Ai com certeza o próximo passo será: Deixar-se ser mais, de dia também.
- Pra acabar com as olheiras.
- Pro riso ficar mais leve.

 E pro meu eu ser sem culpa...

Um beijo estalado pro eu de quem leu!

Beatriz Oliveira.

17 novembro, 2010

Paciência Divina

 Tem sido tão difícil, eu sei. As vezes parece que você não vai conseguir, parece quase impossível ser feliz, quando todas as noites você engole as lágrimas, pois ainda assim acredita que não adiantarão de nada.
 Mas sente que é pior, cada vez que engole todas as lágrimas, é como tomar uma dose de dor, um cálice cheio até a boca, e aos poucos o resultado disso é se tornar uma pessoa amarga.
  
Nenhuma das milhões de canções do planeta parecem acalmar sua alma

 Tudo que você mais deseja é que exista alguém nesse mundo que te entenda, que sofra como você e que essa pessoa estivesse ali agora pra te consolar e te dar fé, talvez te abraçar e ser seu anjo.

  Mas vou te contar um segredo, quando o sol se põe, todas as manhãs e em todo e qualquer lugar, ele esta ali, pra te consolar como ninguém.
 Porque se pensarmos melhor, é egoísmo querer que um humano semelhante a nós seja perfeito e saiba como estar ao nosso lado.
 O único perfeito que estará sempre, sem abandonar por nenhum motivo nosso coração é Deus, e que paciência ele tem comigo viu.

Beatriz Oliveira.

07 novembro, 2010

Sonhos


 Dormia tranquilamente como em outra noite qualquer, quando a força dos seus pensamentos foi maior do que deveria ser, acordou risonha dentro do próprio sonho. Porque todos sabem, no sonho a gente pode tudo, menos acordar e fugir do que tem que ser até ali, no sonho.
  Buscou em seus sonhos magnificas formas e sons, um espetaculo deslumbrante...
  Nada muito interessante ali, umas flores calmas, uns perfumes marcantes, abraços estupidamente apertados, lágrimas com gosto de açúcar queimado; Alguns anjos que passaram depressa, com exceção de um que brincava alegre num balanço qualquer, curiosa, sentou-se ao lado e questionou:
- Que faz aqui, não vê que todos já foram?
o anjo sorrindo respondeu:
- Eu não vou, nunca vou, eu sou aquele que fica mesmo quando você não deseja.


 Acordou desconfiada, então uma ideia qualquer lhe veio a cabeça, havia sido apenas um passeio casual - pelo seu coração - adorável.


Beatriz Oliveira.